Richard Nixon e o Caso Watergate em Forrest Gump.


O Caso Watergate foi um dos maiores escândalos políticos da história dos EUA. Esse escândalo resultou em diversas condenações e, principalmente, na primeira e única renúncia de um presidente dos Estados Unidos. O caso Watergate e o presidente envolvido, Richard Nixon, são retratados no longa-metragem Forrest Gump. Logo, o objetivo do post dessa semana é contextualizar sobre este escândalo histórico, destacando os elementos sobre o tema presentes no filme.

No filme, depois de servir na Guerra do Vietnã, Forrest (Tom Hanks) ganha notoriedade pelas suas habilidades no ping-pong e acaba se tornando um dos maiores astros de tênis de mesa do país. Desta maneira, ele é chamado pelo presidente Richard Nixon para a Casa Branca, no qual, em uma cena irônica, Nixon reserva uma hospedagem para Forrest em um hotel muito melhor onde ele estava. 

A grande ironia dessas cenas é que Forrest foi hospedado no Hotel Watergate, o local onde começou todo o desenrolar do escândalo, além dele ser, no filme, a pessoa que denunciou movimentações estranhas, ao longo da noite, no hotel. Mas afinal, o que foi esse escândalo em Watergate?


Forrest Gump ligando para a policia no edifício Watergate.

Antes de eu comentar sobre o escândalo, preciso explicitar os seus precedentes. Em 1971, em meio a Guerra do Vietnã e sua extrema impopularidade pelos Hippies nos Estados Unidos, foi vazado documentos secretos do governo que demonstravam as ações realizadas pelos Estados Unidos no Sudoeste Asiático nos últimos anos. A divulgação desses documentos, chamados de Pentagon Papers, pelo The New York Times criou uma situação embaraçosa para o governo Nixon.

Apesar desses documentos não conterem nenhuma informação prejudicial ao presidente Nixon, ela abriu um precedente: novos documentos poderiam ser vazados. Desse modo, o caso acabou motivando o governo Nixon a criar uma unidade de espionagem, chamada The Pumblers (Os encanadores). 

Esse grupo era custeado através do desvio de dinheiro para um caixa dois, e tinham o objetivo de obter informações privilegiadas de opositores, feito através do roubo de documentos ou do grampeamento de telefones.

Outro fator importante é que, como explicitado pelo historiador Antonio Pedro Tota, Richard Nixon possuía uma constante paranoia de que ele sempre possuía inimigos querendo tirar a sua posição. Desta maneira, ele criou sistemas de gravações secretos na Casa Branca, a fim de gravar tudo o que ocorria lá dentro. Isto, como será demonstrado no post, será a “carta coringa” para a renúncia do presidente.

Por conta de o governo Nixon ser republicano, o maior alvo para a sua força-tarefa era o comitê dos Democratas, que na época estava sitiado no edifício Watergate. Depois de algumas invasões secretas, em 17 de junho de 1972, o segurança do hotel percebeu movimentações estranhas no local e denunciou para a polícia (no filme quem denunciou foi Forrest). Na noite daquele dia, os cinco invasores foram presos e todos eles participavam do comitê de reeleição do presidente Nixon.

Rapidamente foi iniciado uma operação na Casa Branca para abafar o caso e distanciar o presidente do ocorrido. Mas dois jornalistas do The Washington Post que possuíam um informante de dentro do FBI, chamado de “Garganta Profunda”, publicaram uma matéria no jornal ligando os invasores de Watergate com Richard Nixon. Apesar da repercussão do caso, ela não abalou a posição de Nixon, que acabou se reelegendo de “lavada” nesse mesmo ano.

Com o avanço das investigações pelo FBI, a pressão dentro do governo era maior, o que acabou motivando delações e denúncias de funcionários de Nixon sobre a conspiração. Em 17 de maio de 1973, foi criado o Comitê Watergate, no qual eles acabaram descobrindo sobre o sistema de gravações que Nixon fez na Casa Branca.

O presidente constantemente negava o envolvimento com o caso em Watergate e não cedia as gravações da Casa Branca para os investigares, ou quando cedia, era com fitas adulteradas. Mas com a divulgação de que Nixon havia agido para obstruir a investigação do FBI tornou a posse do cargo insustentável, o processo de impeachment era certo. Logo, Nixon cedeu ao cargo e renunciou no dia 9 de agosto de 1974, o único presidente dos Estados Unidos a fazer isso.


Matéria do Jornal Daily News, em 1973.

Nixon alegava em seu discurso de renúncia que tomou esta decisão como uma forma de apressar a recuperação do país. É possível ver um trecho deste discurso em uma breve cena do filme.

Por fim, após o escândalo, o vice de Nixon também renuncia ao cargo. Com isso, o republicano Gerald Ford assume e livra Nixon de responder por seus atos ao lhe conceder anistia. No total, 48 pessoas foram condenadas pelo escândalo em Watergate, sendo que a maioria dos envolvidos eram advogados.

Referências:

TOTA, Antônio Pedro. Os americanos. Editora Contexto, 2009.

SORRILHA, Canal do. A história completa do Escândalo do Watergate. Youtube, 9 de dezembro de 2024. 33min 05s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Wg3mlxas4_4&t=764s. Acesso em: 17/05/2025.

NERDOLOGIA. Caso Watergate e o impeachment de Richard Nixon. Youtube, 24 de setembro de 2024. 10m 35s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qrBHMddpXNU. Acesso em: 17/05/2025.




Comentários

  1. Uma pequena correção. O Vice de Nixon, Spiro Agnew, realmente renunciou por causa de envolvimento como corrupção, porém não estava relacionado ao watergate. Tratava-se de um crime de evasão fiscal e recebimento de suborno enquanto ainda ocupava cargos públicos em Maryland, antes de chegar à vice-presidência. Após a renúncia dele em 10 de outubro de 1973, Nixon nomeou um novo vice, Gerald Ford que assumiu a presidência após a renúncia de Nixon.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O aluno de dança mais famoso de Forrest Gump: Elvis Presley.

Sejam bem vindos! Apresentação do projeto "Bubba Gump: Os contadores de Histórias".

Movimento hippie em Forrest Gump.