Elementos do Civil Rights em Forrest Gump.
Uma
das questões presentes no filme Forrest Gump é o Movimento dos direitos civis
dos negros nos Estados Unidos, também chamado de Civil Rights Movement.
Os acontecimentos da obra cinematográfica se passam na mesma época do
movimento.
O Civil Rights Movement é um dos momentos
históricos mais notórios na História do século XX, sobretudo pela sua
importância, em busca pela igualdade racial. Neste texto, nós iremos falar
sobre o movimento e também, sobre elementos sobre o tema presentes em Forrest
Gump.
O
movimento derruba as Leis de Jim Crow, um conjunto de leis estaduais e locais
do no sul dos Estados Unidos, que impunha a segregação racial. No filme,
Forrest Gump e sua mãe moram no Alabama, estado localizado ao sul do país.
Foi um
movimento que conquistou diversos direitos, mas que também foi muito
perseguido, principalmente pelo grupo de ódio Ku Klux Klan, responsável pelo
assassinato e desaparecimento de vários ativistas.
Marcos Napolitano, em seu livro Juventude e
Contracultura, explica os impactos dessas leis na sociedade americana:
“Baseados
nelas, estabelecimentos públicos (como hotéis, restaurantes, cafés) podiam
impedir a entrada de afro-americanos, assentos do transporte público eram
prioritariamente reservados aos brancos, escolas e faculdades deveriam ser
separadas por "raça" (sempre em prejuízo dos negros). Além disso,
havia restrições raciais para o alistamento eleitoral e para ocupação dos
postos de trabalho mais qualificado, transformando os negros em cidadãos de
segunda classe, com direitos limitados e falta de oportunidades econômicas.”
(NAPOLITANO, 2023, p. 40)
No filme aparece um momento notório do Civil Rights Movement. Em 11 de junho de 1963, Vivian Malone e James Hood, dois estudantes negros, tentam entrar na Universidade do Alabama, em Tuscaloosa, mas são barrados pelo governador George Wallace, que ficou parado na porta do auditório, bloqueando a entrada dos estudantes. John F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos neste período, em sua campanha pela presidência prometia dar atenção para políticas antirracistas. Kennedy, então, federaliza a guarda nacional do Alabama, e o general da Guarda Nacional do Exército America Henry Vance Graham faz Wallace se afastar, permitindo assim, a entrada dos estudantes.
O Civil Rights Movement tem seu início na
década de 1950, com os protestos contra as leis Jim Crow. Em 1955, Rosa Parks,
uma costureira negra, se recusa a ceder seu lugar a um branco em um ônibus. Sua
prisão ocasionou diversos protestos e Rosa Parks virou um símbolo de
resistência contra o racismo.
Também
no Alabama, na cidade de Montgomery, atuava um dos grandes nomes do movimento:
o reverendo batista Martin Luther King Jr. Após a realização de diversos
protestos e as diversas perseguições sofridas, conseguiram através de um
boicote, o fim da segregação racial nos transportes públicos.
King,
juntamente de outros líderes religiosos negros, funda a Conferência de
Liderança Cristã do Sul. O reverendo, além de denunciar o racismo, também
criticava as desigualdades socioeconômicas, a falta de direitos trabalhistas, e
também a falta de direito ao voto, direito esse, conquistado com muitos
protestos no ano de 1965.
Em
agosto de 1963, há o protesto conhecido como “Marcha sobre Washigton”. Nele,
King faz o seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”, segue alguns trechos de seu
discurso:
"Cem
anos atrás, um grande americano, do qual estamos sob sua simbólica sombra,
assinou a Proclamação de Emancipação [...]. Mas cem anos depois, o negro ainda
não é livre. Cem anos depois, a vida do negro ainda é tristemente inválida
pelas algemas da segregação e pelas cadeias da discriminação [...]. Agora é o
tempo para transformar em realidade as promessas de democracia [...]. Eu digo a
vocês hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e
amanhã, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho
americano. Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se levantará e viverá o
verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas
serão claras para todos, que os homens são criados iguais. [...] Eu tenho um
sonho de que meus quatro pequenos filhos vão um dia viver em uma nação onde não
serão julgados pela cor da pele, mas pelo teor de seu caráter. Eu tenho um
sonho hoje!"
Martin Luther King Jr. ganha o Prêmio Nobel da Paz em 1964.
Malcom X também foi um nome muito famoso do movimento. Propunha o “nacionalismo
negro”, em que os negros, praticamente parte de uma outra nação, deveriam se
separar dos opressores da “América branca”. Em certa medida, se opunha a King
ao incentivar a “violência defensiva” contra o ataque dos racistas. Malcom X
está na origem do black power, termo
criado por Strokely Carmichael, ativista negro nascido em Trinidad e Tobago e
naturalizado estado-unidense.
Carmichael
inspirou a criação do Partido dos Panteras Negras, grupo que defendia o
nacionalismo negro e o socialismo como formas de combater a "América
branca e racista".
Em
Forrest Gump, aparece alguns elementos relacionados ao Civil Rights Movement, como o caso dos estudantes James Hood e
Vivian Malone. Além disso, aparece também o Partido dos Panteras Negras.
Entretanto, o Civil Rights Movement
aparece muito rápido no filme, e questões como o racismo não são tratadas de
maneira crítica nesta obra que apresenta um caráter neoconservador.
Referências
NAPOLITANO,
Marcos. Juventude e Contracultura. São
Paulo, Contexto, 2023.
PURDY, Sean. Rupturas do Consenso: 1960 - 1980. In: KARNAL, Leandro (et al.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo, Contexto, 2008.


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